Reconhecer a passagem do tempo é fundamental para a saúde mental e o amadurecimento emocional. É o que defende a psicoterapeuta Moya Sarner. Para ela, embora a sociedade valorize a juventude e estimule a negação do envelhecimento, a capacidade de se ancorar na realidade das transições da vida permite elaborar perdas, promover mudanças e desenvolver uma identidade mais integrada.
Cada fase da vida — infância, adolescência, juventude, meia-idade ou velhice — apresenta desafios e oportunidades únicas. Ignorar essas transições, acreditando que "idade é apenas um número", pode gerar desconexão com a própria história e dificultar o crescimento pessoal. Em contraste, aceitar essas mudanças fortalece o vínculo com o presente e abre espaço para transformações significativas.
A meia-idade, por exemplo, muitas vezes vista como um período de estagnação, pode ser especialmente produtiva. Ao reconhecer que há mais tempo vivido do que por viver, muitas pessoas passam a repensar prioridades e buscar caminhos mais alinhados aos próprios valores e desejos. Esse processo exige contato com as perdas, mas também favorece uma reorganização interna que pode resultar em maior vitalidade e autenticidade.
Sarner conclui que enfrentar o tempo que passa não é apenas lidar com o envelhecimento, mas também acolher as mudanças internas e externas que fazem parte da construção de uma vida plena e coerente com quem se é.